terça-feira, 31 de janeiro de 2012

TDT - Televisão dos Tesos (Parte II)

No dia em que este blog comemora os seus 4 anos de existência, é com algum agrado que verifico que houve uma explosão de leitores e que se tornaram nossos seguidores. Da nossa parte não vemos outra forma de exprimir o nosso muito obrigado. Verificamos que este blog foi e sempre será um bom contributo para o esclarecimento público sobre os temas da Economia, Política e Sociedade.

Voltamos novamente ao tema que gerou uma enorme polémica e que nos fez surpreender às diversas mensagens de louvor e sobretudo há forma como foi espalhado o artigo. Com o sucesso que chegou derivado ao trabalho de investigação e sobretudo ao intenso exercício de memória que muitos portugueses desconheciam, e em que o sector anda a viver tempos de austeridade (palavra que foi usada em todo o ano de 2011) com as 'tropelias' que se criaram.

A televisão analógica já começa a ser desligada como se fosse o desligar as luzes de um sector de uma empresa em processo de falência. E estamos a 24 horas de desligarem um dos emissores mais importantes na difusão da televisão, o Emissor do Monsanto em Lisboa...
Voltamos, outra vez, ao discurso 'fantasioso' de que 'a TDT abrange 100% do território nacional' e de que 'a mudança para a TDT está a ser feito com enorme êxito'... enfim como disse, voltamos ao discurso 'fantasioso'. Mas o que não se entende é que a cobertura TDT nunca chegou ao que estava previsto no caderno de encargos para a atribuição da licença. Segundo fontes de cidadãos, e pelas reacções que recebi ao longo dos últimos 3 anos (recordo de que estou a falar do mais recente apesar de que a história da TDT começa em 2000), detectei que não é verdade o que a ANACOM e a PT afirmam garantir. Pelas nossas contas, a cobertura não passa dos 75% do território nacional (isto claro incluindo regiões autónomas). 75% não é 100%! Nem quanto mais 94%, como a PT queria propor!

A ANACOM continua a demonstrar uma total demagogia e, sobretudo, escamoteia a realidade dos factos com estudos, inquéritos e estatísticas. Se formos a analisar, quanto à taxa de penetração de acesso à plataforma TDT foi baseado num inquérito telefónico aos clientes da PT e da TMN! Possivelmente, algum dos nossos leitores é cliente do serviço de comunicações electrónicas do Grupo PT (seja telefone fixo, telefone móvel, internet fixa, internet móvel) e lhe informaram de que está haver um processo de migração de acesso a televisão. Mas o mais grave disto tudo, é que explicitamente, estão a informar da implementação da TDT mas ao mesmo tempo estão a tentar impor a velha máxima 'a ocasião faz o ladrão'. Algum dos nossos leitores, quando recebeu a chamada, não foi lhe questionado se já conhece a TDT?... E ao mesmo tempo não lhe perguntaram se queria ter mais canais além dos quatro?... Pois é, e assim vamos mentir aos cidadãos sobre a mudança da plataforma! Reforço também, que foi assim que a ANACOM se baseou em obter a taxa de penetração da TDT... Então onde está a empresa de estudos que o Sr. Eduardo Cardadeiro tanto falou de que estava a tratar do assunto?... Pois é! Nunca houve! Quem fez 'a papinha' foi a PT!

Com isto revela duas coisas:

1 - A ANACOM têm a mesma postura dos 6 anos de (des)governação de José Sócrates com a política da mentira, logo é o centro de emprego do Partido Socialista.

2 - De que a ANACOM é um Departamento Satélite da PT que lhe faz alguns trabalhos que passam por debaixo da mesa.

Com estes dois pontos, vamos revelar um conjunto de situações que demonstra tudo o que estamos a dizer.

Relativamente ao ponto 1, é verdade que a ANACOM tem sido o centro de emprego para os amigos que têm o cartão de militante do PS. Houve um nome que no artigo anterior foi citado, Luís Nazaré, foi o senhor que iniciou esta política de que as comunicações electrónicas é um local onde se pode enriquecer à custa da mentira e da política da imposição junto do cidadão. É engraçado ao dizer esta frase, recorda-me novamente o processo Oniway. A ANACOM fez imposições para fazerem acordos de interligação mas aceitava os argumentos da não interligação da Oniway por parte de dois operadores de serviço móvel terreste e no fim foi o caminho da morte da mesma operadora Oniway. Luís Nazaré, o 'maratonista das licenças das telecomunicações' (agora chamado), foi o recordista de atribuição de licenças de prestação de serviço fixo no território nacional, militante assumido do PS, Sócio do Sport Lisboa e Benfica, foi funcionário da CPRM - Companhia Portuguesa de Rádio Marconi (recordam-se da Marconi para as chamadas internacionais? Pois é, esta empresa foi integrada no Grupo PT e se existisse, faria este ano 88 anos de actividade), foi director comercial e financeiro da empresa Time-Sharing (para alguns, sabem o que era esta empresa, mas recordo que é a actual PT Contact, logo Grupo PT) e foi membro do Conselho Consultivo da PT. Em suma, foi com este senhor que se começou o ponto 1 e o ponto 2 das conclusões que se tira sobre a ANACOM. Em termos de licenciamento de prestadores de rede fixa, este senhor atribuiu 28 licenças desde 1999 (ano em que se começou o processo de liberalização do negócio fixo) e sabem quantos estão actualmente em actividade? 25, mas 80%, destes mesmos, a sua actividade é só para o segmento 'corporate' (empresarial) ou nunca exerceram a sua actividade.

Só com este relatório, demonstra que houve uma vassalagem a 'amigos do PS' e do sector...
Filipe Baptista, um vogal apagado da actual administração da ANACOM, doutorado em Direito e foi Chefe de Gabinete do Ministro do Ambiente entre 1999 a 2002 e agora questionamos, quem era Ministro do Ambiente nesse período? José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa! Logo, vogal PS.

José Manuel Careto trabalhou nos Correios de Portugal, na Maxitel (a operadora que foi pioneira na instalação de linhas telefónicas de raiz, mal foi liberalizado o segmento fixo, a operadora de Luís Todo Bom que foi Ex-CEO da PT), trabalhou para a Optimus como Administrador (Sonaecom, ao qual inclui a velha Novis e da extinta IP Global), foi um dos administradores 'ruinosos' da Oniway (cá está de volta essa operadora que tinha pernas para andar) conjuntamente com António Casanova que arruinou a Optimus nos primeiros anos de vida e coincidência das coincidências foi coordenador da TDT dentro do Grupo Oni. Então este vogal anda na ANACOM a fazer o quê?... Dar vassalagem à Optimus para fazer as patifarias que o Grupo Sonaecom quer fazer? Ou foi uma fonte privilegiada para a famosa OPA (Operação Pública de Aquisição) à PT?...

Eduardo Cardadeiro, o homem mais pateta da ANACOM, a Cátia da Casa dos Segredos versão ANACOM. Se a Cátia da Casa dos Segredos fazia o papel de 'inculta' a ponto de dizer que iria voltar a estudar, Eduardo Cardadeiro é o contrário. Tanta palestra que tutela o processo da TDT a ponto de colocar os portugueses mais 'incultos' sobre televisão. Durante 6 meses enganou os portugueses explicando 'alarvidades' sobre a TDT aos idosos, nos programas da manhã de todos os canais generalistas, a ponto no debate ter sido derrubado por um jornalista a ponto de ser acusado de 'não saber fazer o seu papel de regulador'. Parece que as 'pantominices' que se criaram revelam que é mesmo o homem mais pateta e senil da actual Administração da ANACOM.

Alberto Souto de Miranda, assumidamente militante do PS, foi Presidente da Câmara Municipal de Aveiro durante dois mandatos (por isso que Aveiro é esquecido dos mapas à excepção dos Ovos Moles de Aveiro) e teve ligações a um consórcio onde a PT esteve envolvida (através do departamento satélite da Universidade de Aveiro, a PT Inovação).

Finalmente, o Presidente mais aberrante de todos os tempos, ao nível de Luís Nazaré, José Amado Silva, foi Presidente do Conselho Fiscal da Optimus! Mais um senhor que se privilegia os contactos com o Grupo de Belmiro de Azevedo.

Como vêem a ANACOM sempre foi um centro de emprego do PS e departamento satélite da PT que agora também é departamento satélite do Grupo Sonaecom (é a mesma coisa que dizer Optimus) depois uma falhada OPA à PT.

Quem pode confiar numa Entidade Reguladora se todos os envolvidos têm ligações a operadores de telecomunicações em actividade ou extintos e à militância do Partido Socialista?... Eu diria que ninguém!

Mas o mal da TDT não é só dos responsáveis da ANACOM, mas sim de muitos administradores e Presidentes de Conselhos de Administração de muitas operadoras. Se não vejamos...

Recentemente, ocorreu um leilão de licenças para o LTE - Long Term Evolution (Evolução a longo prazo) ao qual ficou vulgarizado por 4ª Geração Móvel Terrestre (4G) e foram a concurso 4 operadores. Mas há última hora, um deles desistiu, estou a falar de outra empresa que não perdeu os seus 'tiques' de monopolista da empresa ao qual se separou. É claro que estou-vos a falar da Zon Multimédia! E o mais interessante é que o motivo de desistência não foi esclarecedora a ponto de afirmarem em público que querem entrar na 4G, mas a ANACOM fez aquilo que não deveria de ser feito, devolver os 15 milhões de Euros de caução para o leilão de frequências da LTE se desistiu depois de ter fechado a inscrição.

Tecnicamente, a 4G utiliza as frequências de 450 MHz e os 2,6 GHz que são bem próximas das frequências do sinal analógico de televisão. E uma das exigências que especialistas de telecomunicações fazem junto da ANACOM, é que só pode iniciar a actividade com esta plataforma móvel terreste quando o sinal analógico de televisão estiver 100% desligado, para que não haja interferência de sinal. Mas alguém queria começar a funcionar em 4G, em Março, sabendo de que só em Abril o espectro radioeléctrico vai ficar libertado. A PT como é evidente!

No final de todo o processo do leilão, antes de entregarem as licenças, os concorrentes vencedores, enviaram documentos escritos à ANACOM a acusar a recepção sobre o processo de leilão e fizeram algumas críticas ao processo. Mas ao acedermos aos documentos, algo de estranho passa-se...

A comunicação escrita da Optimus é formal e simples, não fez nenhum comentário. O da Vodafone também escreve com a mesma formalidade que se exige e faz algumas críticas sobre a desistência da Zon Multimédia. Mas o que espanta é o que vem a seguir... O Grupo PT, escreve um documento de forma tão 'macarrónica', com uma mistura de formalidade e de informalidade, de 15 páginas. Se verificarem, a carta inicia desta forma:

«Exmos. Senhores (a computador) Caro Professor, (em manuscrito)...»

E agora termina desta forma:

«Com os melhores cumprimentos, (a computador)



(um 'rabisco' que não se entende mas depreende-se que quer dizer...) um abraço



Zeinal Bava»

Mas eu agora pergunto, a forma de como se comunica para uma Entidade Pública é feita desta forma… Num clima de intimidade?... Só isso demonstra que as ligações privilegiadas que a PT têm junto da ANACOM permitem este tipo de documentos escritos de forma abusiva.

Então, é ou não é que a ANACOM é um departamento satélite da PT?... Com isto confirma-se!

Voltando ao assunto TDT...

Quando no debate realizado na RTP Informação, na qual o jornalista Sérgio Denicoli confrontou Eduardo Cardadeiro sobre a regulação da ANACOM, teve a coragem de dizer frontalmente de que a ANACOM deveria de fazer o seu papel de regulador. Isto é verdade! Se não vejamos...

Ao longo dos 3 anos em que a plataforma TDT começou a emitir, houve queixas, denúncias públicas e uma total desresponsabilização por parte dos operadores prestadores de televisão fizeram-se imensas campanhas enganosas que levou ao engano de muitos cidadãos. Frases como:

«Sabia que os quatro canais vão deixar de emitir? Entre no Agente PT e sabia as condições para continuar a ter televisão.»

Ou 'spots' publicitários do género:

«- Em Janeiro, os sinais dos quatro canais vão deixar de dar e isso é uma boa notícia!



- É boa! É muito boa!



- É boa porque a Zon vai lhe dar!



- Boa!



- Com a Zon pode manter os seus quatro canais e ainda lhe oferece chamadas gratuitas! Tudo por apenas 9,90 Euros!...»

Como se comprova, frases que apelam ao consumo e ao pagamento de uma mensalidade para continuar a ver televisão quando a TDT não se paga! Só existe custos de adaptação que só é feito uma vez e não têm periocidade mensal e nem compromissos. Mas de vigarices em vigarices, a Televisão Paga ganhou clientes.

No artigo anterior, falei das receitas que os prestadores de acesso a televisão receberam durante o 3º Trimestre de 2011. Reforço que os valores de quota de clientes de cada operador são fornecidos pela própria ANACOM. Mas algo vai acontecer nos próximos tempos, é a maior quebra de subscritores derivados às mentiras que foram dadas aos cidadãos. Estima-se que cerca de 80 mil subscritores deixem de ter acesso a televisão paga ao qual 60% vão desistir voluntariamente, após as fidelizações, e 40% vão 'boicotar' o pagamento do serviço invocando de que foi enganado e de que queriam ter a TDT, era a solução ideal. Ao efectuarem o 'boicote', engrossa a lista de utilizadores de risco das comunicações electrónicas que os operadores de telecomunicações quiseram impor, equivalendo à lista negra de utilizadores de crédito bancário.

Segundo os dados da ANACOM (que apesar de incompletos), o serviço de televisão por subscrição aumenta em média trimestralmente cerca de 40 mil clientes que são distribuídos pelos vários operadores que estão licenciados. Vejam o quadro seguinte que revela alguns valores que se estima:

3º Trimestre de 2011
4º Trimestre de 2011
1º Trimestre de 2012
Abril de 2012
N.º Total de Clientes Estimado
2 888 000
2 928 000
2 968 000
2 981 000

Estima-se que em Abril deste ano, mês em que é desligado totalmente o sinal analógico, com as sucessivas transições do sinal analógico para o serviço de televisão paga, poderá contar com cerca de 3 milhões de utilizadores de televisão paga sem necessidade! Mas quando os cidadãos forem sensibilizados de que não precisava de pagar cerca de 30 Euros por mês para ver televisão, vejam o quadro seguinte que vai revelar o valor de clientes do serviço e a quantidade de utilizadores que apresentam como cessação do contrato:

2º Trimestre de 2012
3º Trimestre de 2012
4º Trimestre de 2012
Evolução 2012
Total de Clientes Estimado
2 929 000
2 849 000
2 769 000
- 160 000
Clientes que desistem voluntariamente
31 200
79 200
127 200
- 127 200
Clientes que se recusam pagarem
20 800
52 800
84 800
- 84 800

Se nos últimos trimestres, se aumenta em média 40 mil novos subscritores, estima-se que abandonam, em média, 80 mil subscritores por trimestre, o que pode agravar este ano cerca de 85 mil subscritores que vão entrar para a lista negra de utilizadores de comunicações electrónicas que o Grupo Sonaecom sempre exigiu. Reforço que para serem incluídos nesta lista, basta ter uma dívida que valor igual ou superior ao Salário Mínimo Nacional (485 Euros), que a responsável da Sonaecom, que é a Presidente da APRITEL (Associação dos Operadores de Telecomunicações), Ana Paula Marques, exigia por parte do Estado (sobretudo do regulador) que para incluir na lista dívidas no montante de 242,50 Euros, que é metade do valor do Salário Mínimo Nacional.

Hoje em dia sabemos, que o motivo das pessoas recusarem a pagar as facturas de comunicações electrónicas é derivado a vários factores, pode ser por factor de informação mal prestada pelas forças de vendas directas ou por factor de 'falência' dos agregados familiares que não podem suportar os preços aplicados e sucessivos aumentos, que normalmente aumentam indexando à taxa de inflação no inicio de cada ano civil.

Agora conclui-se, onde está a ANACOM a fiscalizar os operadores de telecomunicações para evitar este 'desgoverno' regulatório? Não está! Porque as queixas chegam à ANACOM mas a resposta é sempre nula a ponto de não assumirem a responsabilidade pela situação e que é encaminhada para a Direcção-Geral do Consumidor quando o regulador é que deve registar as queixas, actuar em conformidade com a lei e com os estatutos que foram atribuídas por Decreto da Assembleia da República.

Quanto aos conteúdos…

Nos últimos dias, têm se gerado alguma mobilização que por iniciativa da actual Presidente da Assembleia da República, tomou como sua luta (a meu ver muito bem!), a introdução do Canal Parlamento aberto a todos os cidadãos na plataforma da TDT. Tudo derivado a várias queixas de que a Zon Multimédia, retirou do seu pacote básico o mesmo canal. Como é normal nestas iniciativas, os outros operadores iriam tomar a mesma atitude invocando de ser um canal com muito pouca audiência e que não gera lucros para as operadoras de serviço de televisão por subscrição.

Mas reforço que, os conteúdos nunca foram debatidos e houve imensos apelos, petições e cartas escritas aos responsáveis políticos para introduzir os canais temáticos dos actuais generalistas sendo uma grande porta para constituir-se novos canais com novas temáticas, como por exemplo os canais regionais no território continental português.

Em breve, iremos apresentar uma lista de canais que na Europa foram introduzidos mal a TDT começou a emitir os países membros da Europa.

Resumindo, até Abril, as mentiras vão continuar até que o poder político coloque um fim a isto e aplicar as regras como deve ser.

P.S. - Apelo a todos os leitores e seguidores a assistirem ao Colóquio sobre a TDT, promovido pelo Presidente da Comissão Parlamentar de Ética, Sociedade e Comunicação, Dr. Mendes Bota, às 17:30 na Sala do Senado da Assembleia da República ou podem assistir em directo no Canal Parlamento num operador de TV Paga ou no Sítio Oficial do Canal Parlamento em http://www.canal.parlamento.pt/

Reforço que até ao momento em que este documento foi publicado, não obtive por parte dos operadores prestadores de televisão os seus tarifários do serviço de televisão desde 2000 para terem a noção do quanto dinheiro foi gasto por muitos cidadãos que ao longo de 12 anos fizeram encher os bolsos aos administradores destas empresas e à própria ANACOM, com a vassalagem de obrigar os cidadãos a pagarem por uma coisa que já é gratuita. Também não tive acesso aos relatórios trimestrais da ANACOM, anteriores ao ano de 2011, que estavam disponíveis no sítio da internet da ANACOM e que subitamente desapareceu! Já agora um conselho para os responsáveis da gestão dos conteúdos do sítio da internet da ANACOM: ORGANIZEM-SE!... O Sítio da ANACOM parece uma casa desarrumada com informação em excesso e mal organizada!

A Primeira parte deste artigo pode consultar em: http://mccoment.blogspot.com/tdt-televisao-dos-tesos.html


NOTA DE ACTUALIZAÇÃO:

O MC Coment esteve presente e para marcar a presença, anuncia que vai ser emitido no MC Coment TV, o Colóquio sobre a TDT, que foi emitido em directo no Canal Parlamento, no passado dia 31 de Janeiro. Vai ter a presença de:

- António Pedro Vasconcelos, Cineasta
- Sérgio Denicoli, Investigador da Universidade do Minho
- Eduardo Cardadeiro, Administrador da ANACOM com o pelouro da TDT

Será emitido no MC Coment TV às 14:18 e 20:53, todos os dias, a partir do dia 6 de Fevereiro!

A NÃO PERDER!...

4 de Fevereiro de 2012 16:47

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

TDT - Televisão dos Tesos (Parte I)

Já iniciou o desligamento do sinal analógico de televisão em Portugal... Durante 12 anos, vivemos muitas 'tropelias', muitos erros, muitos avanços e recuos e afinal a televisão passou para 'coisa de pobres'. Mas agora muitos questionam: Onde foram os erros? Onde podemos ter seguido? Quem foi o responsável, ou os responsáveis, pelos altos e baixos?... A resposta vou vos responder no final desta publicação.

Vamos reportar a 2000...

No Ano 2000, então Governo (à beira do 'mar pantanoso') toma a iniciativa de dar inicio à migração digital de televisão terrestre. Pensou-se num modelo onde retirasse o espectro radioeléctrico das actuais frequências analógicas de televisão para uma plataforma de televisão digital em que albergasse mais conteúdos em melhor qualidade de imagem e de som e que sobretudo fossem instalados em menores quantidades os emissores de difusão e maior propagação do sinal dos canais de televisão. Assim foi! Mal entrou esta ideia, a SIC (Sociedade Independente de Comunicação, do actual Grupo Impressa) lançou o seu primeiro canal temático, sendo o primeiro canal de informação 24 horas por dia sem qualquer noção de difusão nacional. Foi precisamente a 8 de Janeiro de 2001 que surge a SIC Notícias.

Claro que na redacção da SIC estava tudo 'em pulgas' porque se trata de uma retrospectiva a quando do lançamento dos canais privados em 1992. Mas nessa altura, a Televisão Digital Terrestre (TDT) não estava nos horizontes da SIC nem quanto mais na cabeça do Dr. Francisco Pinto Balsemão. Quando se pensou na SIC Notícias, a SIC tomou a iniciativa de fazer em circuito fechado de televisão (designada por TV Paga, apesar de que os conceitos são diferentes sobre a Sport TV) como já estava em curso com o antigo Canal de Notícias de Lisboa (CNL, se bem que se recordam...). Sem concorrência na área, lá teve a sua audiência... Mas meses mais tarde, o Governo em 7 de Abril de 2001, emite um despacho do então Ministro João Cravinho (Ministro do Equipamento Social) para atribuir uma licença de televisão digital terrestre, sem ter a noção do que era a TDT, em que moldes seria feito, qual a cobertura e quais as tecnologias de TDT que iria aplicar se o MPEG-4 ou o MPEG-2 que foi aplicado a maioria de todos os países da Europa (à excepção da Irlanda, que tenha conhecimento) para o tipo de encriptação vídeo.

Claro que a SIC nunca hesitou em desenvolver conteúdos temáticos de televisão em Portugal, por isso é que no mesmo mês em que é emitido o despacho da TDT, a SIC desenvolve a SIC Radical a 23 de Abril de 2001. Com tanta pompa e circunstância, até teve directos de telejornais com camiões TIR em direcção da Sede da ANACOM, na Avenida José Malhoa em Lisboa, houve dois consórcios em concurso que envolviam operadores de televisão e um deles, um operador de telecomunicações. Claro que estou a falar da Portugal Telecom (PT), evidentemente... Agora questionam todos, quem ganhou a licença em 2001? Claro o consórcio que tinha a PT como envolvida! A Empresa PTDP - Plataforma de Televisão Digital Portuguesa tinha como envolvidos a RTP (quando era ainda uma Empresa Pública), a SIC e a PT, colocando a TVI (na altura já estava no Grupo Média Capital a liderança de Miguel Paes do Amaral) à margem como era do conhecimento público, que quando a TVI em 1993 iniciou as suas emissões regulares, sempre quis desenvolver a sua rede de emissores e retransmissores próprios para não estar dependente da TDP - Teledifusora Portuguesa, S.A. (entretanto incorporada pela PT)

Governo do Partido Socialista no poder, a TDT entregue à PT 'quase de mão beijada' e ANACOM dirigida por um Socialista (Luís Nazaré) que têm interesses económicos na área das telecomunicações, a televisão em Portugal podia estar condenada ao retrocesso civilizacional derivado aos interesses financeiros a envolver poder político e poder económico que desvirtua o conceito de televisão gratuita para todos e de forma não condicionada. Em 2002, o consórcio vencedor recebeu a licença e tinha seis meses para poder dar início às emissões regulares na nova plataforma de televisão digital mas não foi possível a ponto de pedirem, em Maio de 2002, uma prorrogação dos prazos para a implementação da TDT, sem razões aparentes. Será por questões técnicas?... Será porque não existia televisões que estejam preparadas ou porque não havia equipamentos que adaptavam as actuais televisões para a nova plataforma?... Até agora, desconhecemos... Mas de qualquer das maneiras, o Governo da altura, aceitou o 'choradinho' e prorrogou o início da TDT para 1 de Março de 2003. Mas algo de errado está a passar...

Mas em termos de conteúdos, a SIC volta novamente à carga com novos canais temáticos e lança a SIC Mulher, no dia Internacional da Mulher (do ano de 2003), e volta a ensombrar-se dessa plataforma que iria revolucionar a maneira dos portugueses de verem televisão mas se quisermos comparar com Espanha, no mesmo período, em que a TDT já estava a funcionar e já havia canais temáticos a funcionar mas em circuito fechado (como hoje vemos em Portugal) mas a rentabilidade é muito reduzida a ponto de não ter audiência.

25 dias depois do Governo de Durão Barroso (PSD) ter dado como limite o inicio da TDT em Portugal, é quando a PTDP devolve a licença de TDT à ANACOM por não estarem garantidas as condições mínimas para funcionar a TDT e porque entretanto houve mudanças técnicas de televisão logo a ideia de televisão digital morreu como um 'bebé numa incubadora'. Qual foi o sentido disto? Não seria ideal a ANACOM decidir fazer mudanças da TDT tendo em conta que Espanha estava com um constrangimento de que algo não estava a correr bem no processo de migração para a TDT?...

As telecomunicações, ao mesmo tempo, que começavam também a sofrer mutações e evoluções favoráveis aos operadores e ao mesmo tempo também aos consumidores. Mas mesmo em 2002, a ANACOM sempre conduziu mal a sua actividade de regulação por diferendos entre operadores instalados e potenciais novos operadores. Se não vejamos....

Em 2001, mais precisamente em 11 de Janeiro, foram emitidas as licenças para o UMTS (Universal Mobile Tecnology System, vulgo terceira geração móvel terrestre) a quatro operadores: A TMN, a Vodafone (na altura designava-se por Telecel), a Optimus e a Oniway (recordam-se?... presumo que não!). Mas também das telecomunicações móveis terrestres não tinha havido uma evolução no desenvolvimento de terminais móveis como na televisão, eram tecnologias novas e sobretudo extremamente caras para o mercado e quando os ordenados dos cidadãos eram demasiado baixos para adquirirem um terminal de terceira geração, pelo que o Governo tomou a iniciativa, também, de prorrogar para 31 de Dezembro de 2002 o início das transmissões de telefonia móvel em UMTS.

Mas agora começa a história da má regulação nacional....

Em Março de 2002, a Oniway (empresa do segmento móvel da Oni Telecom) faz um acordo de roaming (utilização da rede de estações base de uma operadora) nacional com a TMN no sentido de lançar a operadora Oniway mesmo ainda não tendo instalado as primeiras estações base (antenas de telemóvel) na plataforma UMTS.

Mas a guerra começa aqui...

Muda-se a administração da ANACOM (para Álvaro Dâmaso) e começa uma guerra de interesses em que especialistas de telecomunicações argumentavam 'que não havia espaço para um quarto operador móvel em operação', que havia boicotes de acordos de interligação com a mesma tese dos especialistas de telecomunicações e que a nova operadora de telecomunicações móveis iria roubar bastantes clientes derivado ao preço baixo que pretendia aplicar. A ANACOM nessa altura nunca conseguiu mediar tudo isto e colocar em prática o que estava estipulado para implementação do UMTS e foi um péssimo juiz nesta luta entre Oniway e a Telecel-Optimus. Sempre agiu com passividade enquanto estávamos a viver uma disputa absurda de preços de terminação de chamada e de quota de mercado, a Oniway investiu na sua sede, no seu 'contact-center' (aqui deixo a minha marca pessoal, porque fui funcionário da Oniway e assisti ao centro do conflito) e na sua primeira estação base UMTS em Porto Salvo, que foi sempre a estação piloto do UMTS em Portugal. Vivemos durante meses a fio nesta novela onde tivemos um regulador 'esclerosado' que nunca colocou a arma da exigência e sempre viveu ao sabor das disputas sentando-se na bancada a assistir a esta luta titânica.

Muitos me questionam, o que aconteceu depois disto tudo?... Alguns já sabem da resposta mas a maioria ainda não soube. Mesmo arrancado a ferros os acordos de interligação das duas operadoras em falta, a Optimus cedeu e a Vodafone já para o fim começou a ceder mas algo chegou na antiga sede da Oniway na Avenida Almirante Reis em Lisboa... A Oniway cessa a sua actividade. Assim morreu um novo concorrente na área das comunicações móveis e derivado a quê? Má regulação da ANACOM.

Claro que com este constrangimento criado pela ANACOM, novamente é prorrogado o prazo de implementação da rede UMTS para 31 de Dezembro de 2003, 24 horas antes de efectivar o início das frequências UMTS. Por sua vez, em 13 de Janeiro de 2003, era passada a certidão de óbito da Oniway e as frequências que a Oniway, detinha a quando da atribuição da licença, foram distribuídas pelos três operadores em exercício. Eu diria que foi uma decepção para não dizer lamentável e com muitas lágrimas à mistura...

Com tudo isto, de 21 de Abril a 4 de Junho, as três operadoras, em diferentes datas, lançaram os seus serviços UMTS e continuamos a ter má regulação...

Voltando à televisão, tendo em conta que não existia uma plataforma de TDT a funcionar ou até mesmo a fazer emissão simultânea entre o analógico e o terreste (o simulcaste), a RTP adquire a NTV (Norte TV) e cria a RTPN (hoje, RTP Informação) para ser o canal de serviço público de televisão com a sua temática de informação com o mesmo rigor e o mesmo critério de jornalismo de informação que a RTP sempre nos habituou. E mais tarde criou a RTP Memória, a quando da preparação dos 50 anos da Televisão Pública. Sobre a TDT nada se falou e nem a ANACOM se pronunciou...

Em Maio de 2005, a Comissão Europeia volta a erguer a bandeira sobre a TDT e de ser aplicada a sua implementação de forma rápida a sua transição do analógico e na qual se exige aos Estados Membros da Europa de implementar a TDT até 2012. Já em Portugal, e depois de tal deliberação Europeia, em Julho de 2005, uma empresa de terminais telefónicos (Siemens), uma operadora de telecomunicações (SGC Telecom - Jazztel - Ar Telecom) e uma estação de televisão (TVI), pediram junto da ANACOM uma autorização especial para fazerem testes técnicos da TDT como hoje conhecemos, tanto em terrestre como móvel (a Televisão Digital Móvel, que nunca foi implementada e nem vai ser implementada apesar de existir esta plataforma) usando a técnica de encriptação video MPEG-4. Já em 2006, na Conferência Regional de Rádiocomunicações (RRC-06) da União Internacional de Telecomunicações (UIT) definiu um plano internacional de frequências de radiodifusão terrestre e em que deu como protecção até 2015, de efectivarem a migração do analógico para o digital ao nível internacional.

Em Julho de 2007, era criada a Lei que regulamenta a actividade da televisão em Portugal (Lei da Televisão, Lei n.º 27/2007 de 30 de Julho) e por sua vez, voltamos a ter a televisão digital terreste a 'ressuscitar' pelo Governo de José Sócrates mas em Espanha, mudou a forma de usar a TDT e deu a possibilidade aos actuais operadores existentes de lançarem os seus canais, que até agora estavam em circuito fechado de TV Paga para a plataforma de TDT, que permitia com que o povo espanhol possa ter mais acesso a conteúdos que até agora era estava limitado ao pagamento de uma taxa de acesso junto de uma operadora de telecomunicações. Em Portugal? O que fez?...

Chegamos a 25 de Fevereiro de 2008, lança-se o concurso público de utilização de frequências para a TDT para os multiplexters A, B a F. Dois concursos separados com duas intenções, o Mux A era para os canais gratuitos e os Muxs B a F era para os canais pagos (os canais de subscrição, como a Sport TV e entre outros) e promessa do Ministro dos Assuntos Parlamentares da altura (Jorge Lacão), que os portugueses irão ter uma televisão com melhor qualidade de imagem e de som e que iria ter cerca de 20 canais novos. Recordo 20 CANAIS NOVOS... Agora vejam quem se apresentou a concurso?... A PT, como sempre! Depois de uma recuperação hospitalar de uma OPA que lhe arruinava os negócios... Entretanto, para os Muxs B a F, temos concorrência! A Airplus que estava liderado por quem? Miguel Paes do Amaral! Mas muitos questionam, o que estava no caderno de encargos para quem estava interessado?... Aqui vai as explicações...

No Multiplexter A, têm de ser garantido os 4 canais de televisão, mais a RTP Açores e RTP Madeira nas suas respectivas regiões autónomas, mais um canal generalista em definição standard e um canal de alta definição partilhado pelos operadores de televisão existentes e que têm como os seguintes requisitos mínimos de cobertura:

- 99% da população da faixa litoral do território continental ao fim de 18 meses (ano e meio) da data da implementação;
- 75% da população do restante território nacional ao fim de 30 meses (dois anos e meio);
- e 99% da população nacional ao fim de 3 anos.

Nos Multiplexters B a F, têm de ser garantido a actividade de televisão que é seleccionado pelos serviços de programas de acesso não condicionado com assinatura ou condicionado com 5 frequências para uma entidade de transporte e têm como os seguintes requisitos mínimos de cobertura:

- 75% da população do território nacional em todos os distritos e regiões autónomas nos Muxs B e C;
- e 75% da população da faixa litoral para os Muxs D a F.

No Multiplexter A, sem qualquer tipo de opositores, venceu a PT e já no Multiplexter B a F, houve uma providência cautelar na qual garantia que a PT ganhava o concurso quando na realidade o opositor esclarece que o concurso não foi imparcial e porque estava em causa a verdadeira transparência do concurso da TDT.

Mas o mais engraçado é que a PT ficou com as licenças e devolveu porque 'houve alterações no sector de televisão paga' o que provocou um enorme vazio de espectro radioeléctrico mas a TDT está implementada e já em execução.

Estamos em 2012, ouvimos queixas, ouvimos denúncias e exige-se ao regulador mais transparência, mais exigência e corrigir os erros criados. Compreendo as posições de todos os cidadãos mas eu já fiz um trabalho de investigação que resolve tudo. Com isto, lancei um desafio a todos os envolvidos no processo da TDT e vejam as respostas que recebi...

Em Outubro de 2010, dei início a um pedido de explicações a todos os envolvidos à excepção da PT, porque é a entidade que usou das licenças como objectivo de enriquecimento da PT usando os meios do Estado.

Em 23 de Outubro de 2010, recebi uma carta do Ministério dos Assuntos Parlamentares na qual eu questionei as razões dos canais temáticos já lançados pelos actuais operadores de televisão, a resposta foi a seguinte:

«A introdução da TDT em Portugal foi definida com base em dois modelos de negócio distintos: uma operação Free to Air (FTA), com a qual se pretendia, antes de mais, assegurar a migração analógico-digital da plataforma terrestre, proporcionando-se condições para a continuidade da oferta dos serviços de programas televisivos hoje disponibilizados por via analógica terrestre; e uma operação Pay TV, com a qual se pretendia propiciar aos utilizadores finais a existência de uma oferta comercial concorrencial às disponibilizadas por outras plataformas, ao nível de serviços de televisão por subscrição.»

Relativo ao canal HD (hoje é um canal fantasma que não emite nada...), aqui vai a explicação:

«A exclusão dos candidatos ao concurso para a atribuição de licença para um 5.º canal, determinada pela ERC (decisão entretanto objecto de uma acção judicial interposta por um dos candidatos excluídos e ainda não decidida), assim como a ausência de desenvolvimento, por aparente desinteresse comercial, de um canal partilhado em Alta Definição (HD) por parte dos actuais operadores de televisão RTP/SIC/TVI, tal como inicialmente previsto, circunstâncias associadas à operação FTA (...)»

O que aqui se explica é que, como o concurso do 5º canal generalista falhou, a RTP, SIC e TVI desinteressaram-se sobre o canal HD. Com esta resposta, reteve-se a seguinte informação, canais temáticos vão continuar nos mesmos moldes que hoje vemos: 'Pagas para acederes!'

Por sua vez, em 4 de Dezembro de 2010, a TVI responde ao meu pedido sobre os mesmos temas, obtive o seguinte esclarecimento:

«Os modelos de funcionamento da TDT em modo de acesso livre (MUX A) são da exclusiva responsabilidade do Governo, da Anacom e da ERC. A TVI não tem qualquer poder de decisão sobre os canais a disponibilizar nessa plataforma.
O modelo posto a concurso pela Anacom e ganho pela PT previa, como plano de ocupação do MUX A, os 4 canais actuais em definição SD, um 5º canal em SD a licenciar mediante concurso e um canal HD partilhado por todos os 5 canais utilizadores do respectivo MUX.
O concurso para o 5º canal foi efectuado, tendo a ERC excluído os dois candidatos que se apresentaram a concurso. O canal HD partilhado revelou-se impossível de gerir.
Nem o TVI 24 nem qualquer outro canal temático poderão ser incluídos no MUX A sem concurso público (a não ser que mude a legislação em vigor).»

Depois desta explicação, a TVI alega que a culpa é do Governo, a ponto de usar a expressão 'a não ser que mude a legislação em vigor'. Mas a SIC têm outro entendimento sobre os canais temáticos, com a comunicação de 8 de Dezembro de 2010, diz o seguinte:

«Neste momento não prevemos a inclusão de canais temáticos na TDT, no entanto, tomámos nota do seu interesse.»

Mas já antes em 4 de Dezembro, sobre o HD, tenho a seguinte 'desculpa':

«Esta problemática relacionada com o tipo de aparelhos de que o consumidor dispõe, bem como a eventual migração para HD, com uma eventual passagem pela emissão em 16:9/SD dos nossos canais, tem merecido e merecerá nos próximos tempos toda a nossa atenção. Este tema tem sido objeto de análise e discussão interna e, por certo, a SIC poderá tomar, num tempo não muito longínquo, decisões que tenham a ver com a mudança de formato de imagem, com base na constatação das reais vontade e necessidade dos telespectadores.»

O que revela que a SIC não está irredutível pela força da lei mas fica o interesse que os cidadãos ficam sobre o tema.

Já em 6 de Janeiro de 2011, a ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social, responde sobre os canais temáticos desta forma:

«...Os 'canais' por si exemplificados não poderiam ser distribuídos pela plataforma TDT, uma vez que, à face do quadro jurídico vigente, tais 'canais' - ou, pelo menos, os que não integram o serviço público de televisão - não beneficiam de uma habilitação legal que lhes permita a sua transmissão com recurso à utilização do espaço hertziano terrestre.»

Com este ofício da ERC resume-se: Muda-se a lei que é o ideal!...

Todos questionam-me, e a RTP? Não colocou a questão à RTP?... Sim coloquei, até hoje não recebi qualquer tipo de resposta.
Depois de algum tempo de reflexão de soluções, contactei com o Ministério da Industria, Energia e Turismo de Espanha em 31 de Dezembro de 2011 para esclarecer quem é a empresa que está a fazer o transporte do sinal de televisão digital terrestre em Espanha e a resposta foi a seguinte:

«Em relação à carta recebida através do nosso sítio da internet, informamos que em Espanha existem vários operadores de rede que proporcionam o serviço de transporte de sinal de televisão. O Operador Albertis Telecom, com uma extensa rede de difusão com presença em todo o território nacional, é o operador dominante do mercado. Outros operadores, dentro do âmbito autonómico, são por exemplo, Telecom Castilla la Mancha, Retegal, Itelazpi o Axion.»

O significa que existe um operador que se dedica à distribuição nacional e vários para fazer a distribuição regional mas obtendo a investigação sobre o operador dominante, a Albertis Telecom, esta empresa só se dedica ao transporte de sinal para todo o território espanhol e bem como é accionista de dois satélites, o EUMETSAT e o Hispasat. Em resumo, a Albertis Telecom não vende serviço de televisão paga a nenhum espanhol.

Agora questiona-se novamente: Onde foram os erros? Onde podemos ter seguido? Quem foi o responsável, ou os responsáveis, pelos altos e baixos?...

O Erro foram os erros sucessivos de Governos e Administradores da ANACOM por não regularem o sector com deveria de ser. A solução passa por rever o estatuto da ANACOM reforçando a posição de regulação do sector e não vir a público em várias questões levantadas de que são responsabilidade do Governo ou da Direcção-Geral do Consumidor quando a actividade de regulação, implementação e resolução de conflitos de consumidor e de actividade sejam todas da alçada da ANACOM, foi para isso que foi criada uma Entidade Reguladora do Sector das Comunicações Electrónicas. Se nada foi feito em matéria de regulação, recomendaria a extinção da ANACOM e passar para alçada do Ministro da Economia ou extinção da ANACOM e passar para uma Inspecção-Geral sem Administradores.

Podemos ter tido a perspicácia que os espanhóis fizeram em 2007, porque já nesse mesmo ano, o modelo de TDT em Espanha está a ser o mesmo modelo de TDT em Portugal, e podíamos ter lançado a TDT já com a introdução de novos canais na plataforma. Mas como as estações de televisão estão impedidos de terem os seus canais de acesso não condicionado derivado à Lei, apesar de que a Lei não diz nada que impeça a sua difusão. Apesar do argumento ser a Lei, eu diria mesmo que é por causa dos operadores de telecomunicações que andam a distribuir o serviço de televisão paga para fazer uma espécie de protectorado autorizado pelo Governo e pela ANACOM. Como já está implementada a TDT, o que o poder político pode fazer é autorizar à ERC que os canais já licenciados poderem lançar os seus canais temáticos e exigir a introdução de um canal de alta definição (puro) e a ANACOM poder disponibilizar as restantes frequências que estavam destinadas para os Muxs B a F e fazer a seguinte designação, o Mux A para a RTP, o Mux B para a SIC e o Mux C para a TVI e reserva-se 3 Muxs para a introdução de canais regionais e/ou canais de alta definição para não ocupar muita largura de banda.

Ao mesmo tempo deve ser feita uma revogação da actual Lei da Televisão e fazer uma nova Lei que clarifica as condições de acesso à actividade e bem como esclarecer onde pode fazer a sua difusão. Ao mesmo tempo, a nova Lei de Televisão aproxima o conceito de canais regionais ao nível do território nacional, por exemplo criarem 5 canais regionais com difusão nas actuais 5 regiões definidas pelo NUTS II.

Todos os Governos PS (mas as do PSD/CDS-PP também não ficam atrás) têm dirigido desastrosamente o processo e por isso vemos que ao longo de 15 anos. A ANACOM foi criada como local de emprego aos 'amigos do PS' que andam envolvidos no sector e ao mesmo tempo ser um departamento satélite da PT para as decisões de regulação de toda a actividade das telecomunicações para sempre favorecer a PT em todas as matérias, incluindo a concorrência. A actividade de regulação, como o próprio nome indica, será de regular a actividade, supervisionar e fiscalizar todos sem qualquer excepção e com total isenção. Se formos analisar, a PT é gerida maioritariamente por 'boys' do Partido Socialista e que felizmente foram desmascarados, a ANACOM nos últimos 15 anos foi colocado sempre 'boys' do PS e que depois saírem dos conselhos de administração da ANACOM para dirigir empresas de telecomunicações e correios, dando o exemplo de Luís Nazaré que é o actual Presidente do Conselho de Administração dos Correios de Portugal.

Culpa-se os Governos de PS, mas o actual Governo, sobretudo do Sr. Ministro Miguel Relvas, fez a política de 'sacudir a água do capote' ao anterior Governo e manter tudo o que está previsto. Pois é Sr. Ministro, mas eu não faria o mesmo com o senhor fez! Podia culpar o anterior Governo mas pelo menos mostrava-se disponível para renegociar o modelo de televisão em Portugal e não andarmos a 'fotocopiar' modelos falhados da Europa. Foi sempre essa a política de todos os Governos Constitucionais, copiar modelos falhados quando não havia certezas se esses modelos foram bem aplicados nos países a quem fomos copiar.

É tempo de inovar, não é tempo para fazermos acusações mútuas! O actual modelo de TDT não favorece os cidadãos, se não vejamos. Num levantamento feito por parte de todas as operadoras de telecomunicações, verifiquei que em média, cada cidadão está a pagar 350 Euros anuais de televisão paga (cerca de 29 Euros mensais), e que actualmente as operadoras de telecomunicações geram uma receita de 1,89 Mil Milhões de Euros Anuais (157,5 Milhões de Euros Mensais) por culpa de termos um regulador que pensa em dar vassalagem aos lucros da PT como forma de arranjar um posto de trabalho a um administrador ou mesmo o actual Presidente da ANACOM. É isto que os partidos políticos representados na Assembleia da República não fundamentam e depois os cidadãos são lesados por custos elevadíssimos de migração para não ter maior diversidade de conteúdos.

Quanto à cobertura e ao esclarecimento publico sobre a TDT, a ANACOM sempre argumentou que fez estudos de opinião quando na realidade nunca os fez e continua a residir a dúvida sobre a TDT e quais as mudanças que a TDT permite. Quem têm feito esse trabalho têm sido a PT com a imposição do seu produto pago, MEO, através de campanhas de marketing telefónico. A cobertura, a PT falhou! Se não vejamos, quando citei o que estava inscrito no caderno de encargos para o operador que estava licenciado, era que ao fim de 3 anos após o início das emissões em TDT fosse coberta a 99% do território nacional, o que tal não acontece, se não vejamos, a zona de fronteira não vai ser coberto, mas é o 1% que estão a falar? Então comprometam-se melhorar e garantir, a sério, os 100% de cobertura como não foi garantido. A actual cobertura não chega a 75% do território nacional. Logo está a falhar, porque de 29 de Abril de 2009 até hoje, já passaram 3 anos e já estão a mentir aos cidadãos.

Desde já faço um apelo, tanto ao Governo, à ANACOM, à ERC, aos Grupos de Cidadãos envolvidos, às operadoras de telecomunicações, às estações de televisão e aos partidos políticos em reconhecer os erros e vamos todos juntos fazer a TDT mesmo com estas imperfeições criadas. Ainda estamos a tempo, agora é preciso é empenharmos em prol dos cidadãos e garantir que a televisão seja acedida gratuitamente em todo o território sem excepção nem adaptar com DTH.

NOTA FINAL: Este texto foi escrito com alguma emoção porque alguns dos acontecimentos foram vividos intensamente por mim em alguns períodos desta história horrível que deixou muitas marcas dolorosas.

NOTA DE ACTUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO:
Com base numa recolha de dados fornecidos pela ANACOM, dados do 3º Trimestre de 2011, vejam os reais valores médios do ano de 2011 de clientes e receita líquida deste negócio:

Prestador
N.º de Clientes
Receita Líquida
Zon Multimédia
1 611 054
416.760.290,10 €
Portugal Telecom
929 936
240.854.090,40 €
Cabovisão
259 920
67.215.469,20 €
Ar Telecom
23 104
5.968.812,30 €
Optimus
34 656
8.718.590,10 €
Vodafone
23 104
5.983.154,10 €
Outros
2 888
999.553,50 €
Total
2 885 112
746.499.959,70 €

Portanto, a política de engano e passar a mensagem, via telefónico, de campanhas de telemarketing, de que 'os quatro canais vão ser desligados'...

Fica aqui provado de que, todos os Administradores, que estão actualmente em exercício e seus antecessores, não fizeram o seu papel de reguladores e sobretudo não deram seguimento às denuncias que os cidadãos fizeram sobre estas campanhas enganadoras. E sobre esse tema, aguardem por novas Notas de Actualização.

14 de Janeiro de 2012, 11:38


NOTA DE ACTUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO (2):

Tive o conhecimento público de que o canal Euronews corre o risco de deixar de emitir, por via satélite, a versão portuguesa. Alguém se recorda da decisão da Zon Multimédia quando recusou a Euronews em Português? Pois é, a tomarem atitudes destas, a pequena equipa de 6 jornalistas da Euronews que está em Lyon e em Lisboa a trabalhar, serão alvo de despedimento.

Foi um erro político nacional, a RTP deixou, desde do dia 1 de Janeiro de 2012, de emitir, nos períodos de 'vazio' (durante a madrugada) a Euronews para colocarem os anúncios da Gigashoping TV (sim ainda existe esse canal comercial com produtos de lixo). Mais uma vez, dou razão a todos que exigem (eu também exigo, apesar de ter lançado o desafio já algum tempo) que na TDT, além dos canais temáticos já emitidos, que introduzem o Canal Parlamento (porque das diversas vezes que estive na Assembleia da República nenhum agente da autoridade, deixo aqui o meu profundo respeito e apreço a todos os polícias que trabalham na AR, me chegou ao pé de mim a pedir dinheiro para poder assistir aos plenários) e a Euronews. Então questiono, somos ou não somos Estado? Somos ou não somos Europeus?

Fiquem com a hiperligação sobre a petição que foi criada para evitar a extinção da versão portuguesa da Euronews. http://www.peticaopublica.com/?pi=eunewspt
16 de Janeiro de 2012, 13:49